Má-vontade põe cobertura da grande imprensa em xeque. O MEC é o alvo predileto
- Elton G.P
- 23 de jan. de 2019
- 6 min de leitura
Atualizado: 14 de jan. de 2022

A falta de boa vontade da grande imprensa com as ações do governo Bolsonaro é enorme. Prova disso tem sido o jornalismo de má vontade e a necessidade obsessiva de alguns veículos da grande imprensa em ridiculizar as primeiras ações do Ministério da Educação com manchetes sensacionalistas que exploram o uso excessivo de fontes anônimas.
Provo neste artigo que grande parte das manchetes sobre o ministério recém-empossado é cheia de incongruências, relatos distorcidos e que tem por ‘’fonte’’ unicamente o “ouvir dizer” de servidores do ministério que tentam boicotar o novo ministro e inviabilizar as ações do ministério perante a opinião pública.
Soma-se a isso as dificuldades enfrentadas pela equipe de governo no período de transição e após a posse. A montagem de equipe no MEC levou o ministro Ricardo Vélez a uma verdadeira cata de pessoal qualificado, de sua confiança e alinhado com as diretrizes do governo Bolsonaro, o que resultou em demora das nomeações e desfalque na nova equipe do ministério. A dificuldade em selecionar quadros da área da educação mais conservadores e liberais deu munição para a mídia interpretar aí uma suposta ‘’inexperiência’’ e ‘’amadorismo’’ do novo ocupante.
Na proporção em que ia formando sua equipe, a imprensa dava a sua interpretação tentando diminuir o nome e o currículo dos indicados e acusando o ministro de despreparo ao nomear ‘’ex-alunos’’ para postos-chave dentro do MEC. O Globo, na sua versão digital de 03∕01, chamou a atenção para isso, sob o título Ricardo Vélez nomeia ex-alunos para secretarias do Ministério da educação. Dentro da matéria vai uma verdadeira demonstração de jornalismo especulativo, dedicado a escarafunchar rumores de fofoqueiros maliciosos:
Nos bastidores, a escolha de ex-alunos é atribuída a uma dificuldade de Vélez, que não tem bom trânsito entre educadores nem atuação em gestão de políticas públicas, de ter mais nomes à disposição com experiência no setor (O Globo, 3 jan. 2019)
Na versão desses grupos de mídia, o novo ministro aparenta ser alguém sem trânsito entre os educadores, um ilustre desconhecido que caiu de paraquedas no MEC emplacado pelo filósofo Olavo de Carvalho. Não só a grande imprensa ignorou até há pouco a trajetória acadêmica produtiva e profícua do filósofo Ricardo Vélez como também os próprios ‘’especialistas’’ consultados pelos órgãos de comunicação.
O portal de notícias Gaúcha ZH, de Porto Alegre, foi ouvir sete especialistas, todos professores de grandes universidades do Brasil e dirigente de entidades da área da Filosofia, a respeito do novo ministro. Na matéria O que filósofos dizem sobre o futuro ministro da Educação, a demonstração de mediocridade emplumada por parte da intelligentsia acadêmica ficou evidente. Alguns ‘’especialistas’’ trataram de empinar o nariz para o ministro e apelaram para o critério da inserção nos círculos de poder dos estamentos universitários como critério de legitimidade intelectual do novo ministro:
Diretor da faculdade de Filosofia na Universidade de São Paulo (USP), Oliver Tolle diz que nunca havia ouvido falar de Vélez antes do anúncio de Bolsonaro:
— Ele não é exatamente uma figura conhecida na Filosofia. Não é um nome conhecido, nunca desempenhou nenhum papel importante em órgãos representativos. Professor de filosofia política na USP, Alberto de Barros complementa:
— Nos grupos de pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e nos grupos de trabalho da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), dos quais eu participo, o seu nome é desconhecido. (GaúchaZH, 27 nov. 2018)
Isolamento político
Contatada pela mesma reportagem da GaúchaZH, Françoise Melonio, ex-orientadora do ministro Vélez e hoje professora da Universidade Sorbonne, ressalta o brilhantismo do filósofo e a sua produção intelectual de qualidade. Considerado uma ‘’máquina de produzir’’ artigos e diversos trabalhos científicos, o ministro Ricardo Vélez nunca obteve cargos ou posição de prestígio no meio universitário por causa do ser um intelectual liberal e crítico do petismo e da esquerda.
Dissidente no meio universitário hegemonicamente de esquerda, Ricardo Vélez aceitou o risco inerente a essa atitude: o isolamento político e o alijamento das redes de relação nos jogos políticos da universidade. O mesmo sistema de poder que exclui os verdadeiros acadêmicos produtivos e premia os acadêmicos ruins e repetitivos que integram as panelinhas universitárias. Como resultado da patrulha ideológica, o filósofo foi alvo de perseguição ideológica.
Em matéria publicada no portal Uol, 18∕01, com o título Ministro da educação trabalhou em cursos mal avaliados e fechados pelo MEC, o jornalista que assina a matéria além de deturpar os acontecimentos e maliciosamente atribuir o fechamento dos programas de pós-graduação em Filosofia à suposta falta de competência do ministro, não entrega ao leitor o que a manchete diz, pois não traz qualquer tipo de checagem dos dados para comprová-la. É sensacionalismo.
O próprio ministro, em artigo publicado em 2009, havia justificado o fechamento do programa alegando perseguição ideológica da Capes. Aliados pelo sentimento de inveja, mais uma vez os ‘’especialistas’’ ouvidos pelo Uol puseram em dúvida a versão do ministro e apelaram para o sentimento de autopreservação do grupo:
Além de defender o legado intelectual de Vaz, os responsáveis pelo desagravo ao padre Vaz fazem críticas à atividade acadêmica do novo ministro. "O sr. Vélez Rodriguez possui em sua produção teórica artigos claramente ideológicos e tendenciosos, bastante afastados de temas propriamente acadêmicos e filosóficos. (...) a grande parte de sua imensa bibliografia constitui-se de artigos de jornal ou de publicações em revistas sem valor acadêmico (Uol, 18 jan. 2019).
Boicote ao novo ministro: edital de livro didático foi sabotagem
Como parte de uma trama para sabotar o novo ocupante do MEC, funcionários do ministério realizaram mudanças no edital dos livros didáticos e retiraram itens essenciais à boa qualidade do material, como a necessidade de referências bibliográficas, a proibição de publicidade e de erros de revisão e impressão. Estava evidente que não se tratava de mais uma bate-cabeça do governo Bolsonaro na área da educação, mas de uma tentativa criminosa de sabotar o novo ministro.
O MEC reagiu negando a retirada dos itens do edital e responsabilizou a gestão anterior pelas modificações feitas no dia 28 de dezembro, no apagar das luzes da gestão do ministro Rossieli Soares, e publicadas no Diário Oficial no dia 2 de janeiro, quando atual ministro tomou posse. O ex-ministro negou responsabilidade na modificação do edital, mas não descartou a possibilidade de as mudanças terem sido feitas para boicotar o novo ocupante da pasta.
Mesmo após todos os indícios de sabotagem, a grande imprensa dava como ‘’recuo’’ do governo Bolsonaro a iniciativa do MEC de anular as alterações no edital que não foram feitas pelo atual governo. O ministro Vélez foi rápido e instaurou uma sindicância que resultou na exoneração do chefe de gabinete do FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação), responsável pela retificação do edital de livros didáticos, e de mais outros servidores ligados ao órgão.
Sabotagem no MEC é uma prática corriqueira
As tentativas de sabotagem no MEC são comuns e reincidentes. A pasta esteve há mais de duas décadas nas mãos de ministros de esquerda ou centro-esquerda. É o órgão federal mais notoriamente aparelhado, constituindo-se num verdadeiro terreno movediço e perigoso para qualquer ministro que não esteja alinhado com o pensamento da esquerda.
Primeiro ministro depois de 13 anos de governo do PT, Mendonça Filho sentiu as consequências da resistência dentro do MEC, chegando a enfrentar protestos de funcionários, no primeiro dia de trabalho, que o chamavam de ''golpista!'' e criaram todo o tipo de arapuca dentro do órgão contra o ministro, que chegou, inclusive, a ser impedido de frequentar com segurança universidades federais (nelas entrando somente com apoio da Polícia Federal) e demais autarquias ligadas ao MEC.

O ministro pernambucano atraiu o ódio da esquerda que aparelha a Educação porque foi o responsável pelas principais iniciativas do MEC nas últimas duas décadas: a Reforma do Ensino Médio e a Homologação da BNCC.
A reforma do Ensino Médio em especial , feita via Medida Provisória, era uma reclamação antiga por parte de todos os envolvidos com o assunto. Estava empacada há muito tempo porque os ‘’especialistas da área’’ e as corporações, em suas reuniões eternas, não chegavam a lugar algum. O país precisava da reforma, e a Medida Provisória, dispositivo legítimo, foi o instrumento de que se valeu o ministro Mendonça para tocar as mudanças. A reação das hostes do atraso contra a reforma formam enormes e resultou num movimento de ‘’ocupações’’ que levou milhares de estudantes usados como massa de manobra a se manifestarem contra a iniciativa. O debate ficou contaminou, e a Reforma do Ensino Médio não saiu a ideal, mas a possível.
Referências
Ricardo Vélez nomeia ex-alunos para secretarias do Ministério da Educação: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/ricardo-velez-nomeia-ex-alunos-para-secretarias-do-ministerio-da-educacao-23344548
Primeiras mudanças no MEC preocupam educadores: https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/primeiras-mudancas-no-mec-preocupam-educadores-23348381
O que os filósofos dizem sobre o futuro ministro da Educação: https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2018/11/o-que-filosofos-dizem-sobre-o-futuro-ministro-da-educacao-cjp0ayy1j0h3x01pih6u4kdf5.html
Após mudança em edital de livros, MEC exonera chefe do FNDE e 9 comissionados: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,apos-mudanca-em-edital-de-livros-mec-exonera-chefe-do-fnde-e-9-comissionados,70002675584
Ministro da Educação trabalhou em cursos mal avaliados e fechados pelo MEC: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/01/18/mec-ministerio-educacao-velez-capes-cursos-pos-fechados-filosofia.htm
Ministro exonera 10 servidores do MEC após recuo em edital sobre livros: https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/01/11/ministro-exonera-comissionados-edital.htm?cmpid=copiaecola
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