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Lula-Geraldo Alckmin: a chapa ‘’jacaré com cobra-d'água’’

  • Foto do escritor: Elton Pessoa
    Elton Pessoa
  • 11 de jan. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de jan. de 2022


Leio na imprensa que Geraldo Alckmin, cortejado por Lula para ser seu vice na chapa presidencial, está ‘’preocupado’’ com o discurso do ex-presidiário sobre a Reforma Trabalhista. A sanha revanchista de Lula, que agora também não esconde seu plano de empreender um ‘’revogaço’’ para desfazer as boas reformas feitas por Temer e Bolsonaro, tem causado apreensão no ex-governador que, ao que tudo indica, pretende emprestar sua credibilidade a Lula, esquecendo tudo o que o quadrilheiro fez quando esteve na presidência.



Eu não entendo em que mundo o ex-governador Geraldo anda ao buscar compor uma chapa com um (ex-)criminoso. Pessoalmente, sempre tive uma admiração pelo ex-governador paulista: político de formação católica, experiente, de hábitos simples, humilde e, até o presente momento, honesto. Não é por menos que essas qualidades de Geraldo lhe renderam o apelido de ‘’picolé de chuchu’’.



Uma referência pejorativa ao seu comportamento equilibrado e sisudo, ''sem gosto, sem graça e sem carisma'' e pouco afeito a arroubos retóricos ou a contendas políticas.




Meu primeiro voto presidencial


Meu primeiro voto para presidente foi em 2006, e foi no Geraldo. Naquela eleição o então ex-presidiário chegou a alcançar o maior pico de popularidade de um candidato em disputa pela reeleição (62%). Em parte, graças à política econômica do governo marcada pelo controle da inflação, pela garantia da estabilidade do real e pelo crescimento do PIB, a despeito das denúncias de corrupção que vieram à tona durante o primeiro mandato.


Tornaria a votar no Geraldo no primeiro turno da eleição presidencial de 2018 pelas mesmas razões que me fizeram votar nele em 2006. Foi um voto mais por simpatia pessoal do que por convicção político-partidária. Até porque o PSDB nunca foi um partido defensor de pautas conservadoras, um partido ideológico propriamente.


Os tucanos ocuparam o lugar da ‘’direita’’ durante seis eleições presidenciais (1994,1998,2002,2006,2010,2014), durante as quais polarizou com o PT representando e canalizando o voto conservador sem ser um partido defensor de pautas conservadoras. Muito pelo contrário: nasceu apelando às classes médias paulistas, composto por políticos pragmáticos, que poderiam estar em qualquer outra legenda, e por políticos ‘’social-democratas’’ com passado ligado à esquerda.


Os dois governos do PSDB de FHC empreenderam uma série de reformas privatistas e fiscais de grande importância que lhe renderam, por parte da esquerda liderada pelo PT, a alcunha de governo ‘’neoliberal’’, ‘’entreguista’’ e ‘’direitista’’. Esta última pecha sempre repelida pelo partido.


Pois bem, o tsunami Bolsonaro, em 2018, veio ‘’tirar a direita do armário’’ e corroer de vez com o PSDB, que ocupava o lugar da direita nas disputas presidenciais anteriores e polarizava com o PT as principais disputas eleitorais presidenciais. Hoje, o partido sofre com a falta de uma identidade ideológica e capenga eleitoralmente, sobrevivendo em SP, principal bastião do partido.


O Geraldo de 2018 e o Geraldo de 2022


O governador paulista está no ostracismo, sem mandato e vê como favas dadas a possível eleição de Lula. Somente a certeza de uma eleição do petista faria o ex-tucano aceitar formar chapa ‘’jacaré com cobra-d´água’’, exótica e desprovida de sentido e de coerência, com Lula, contra quem já afirmou, na eleição de 2018 ‘’quer voltar à cena do crime’’. Assista:




Lula: o avesso do Geraldo


Diferentemente do Geraldo, Lula é um criminoso confesso e indesculpável. Um indivíduo mitomaníaco e incapaz de reconhecer seus erros. Para o ex-condenado, todos os escândalos de corrupção dos governos petistas não tiveram o seu conhecimento ou participação. “O inferno sempre são os outros".



O criminoso que posa de inocentado


A maior ‘’fake news’’ do momento é dizer que o Supremo declarou Lula inocente. Um criminoso de homicídio não deixa de ter praticado o homicídio porque o STF encontrou uma vírgula fora do lugar na sentença de primeira instância que o condenou à prisão. A anulação dos processos contra Lula foram dadas como uma demonstração inconteste da sua inocência, como destacaram o próprio sítio do partido e a imprensa simpática ao petismo:








Os processos de ex-presidiário simplesmente seguirão para um novo foro ‘’adequado’’ conforme entendimento do Supremo. Na prática, volta tudo para a estaca zero, e o ex-condenado em segunda instância poderá agora, sem condenação, disputar a eleição presidencial.


Mas que fique bem claro: o STF não inocentou o chefe do Petrolão.


Como, segundo a Constituição, ninguém será condenado culpado ‘’até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória’’, na prática, Lula, de ex-condenado e ex-presidiário, pode, momentaneamente, posar de inocente injustiçado até que seus crimes prescrevam, já que tem mais de 70 anos.



Até que um novo julgamento ocorra, os crimes dos quais ele é acusado – lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva – já estarão prescritos.

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